Neste preciso momento, uma em cada duas pessoas no mundo está ligada à Google, Microsoft, Facebook, Apple e Amazon.
Nos últimos anos, sem recorrer à violência física, as grandes plataformas tecnológicas, tornaram-se nas empresas mais ricas do planeta.
Em t-shirt e com um exército de relações públicas que divulga as suas ações filantrópicas, um clube de cinco empresas de tecnologia domina o mundo como o fizeram as antigas grandes potências. Sem palácios, muralhas nem sangue, este neocolonialismo tecnológico chegou ao topo. Por quanto tempo poderá manter o seu domínio?
Através dos mail que chegam ao seu telefone, a foto que recebeu ou dos arquivos que guardou no seu servidor, os dados que está processando com um software criado por eles… a vida de meio planeta está na mão do Clube dos Cinco, corporações que concentram enorme poder na economia e na sociedade e, as decisões do futuro passam por elas.
Mas nem sempre assim foi. Houve uma época em que o Clube dos Cinco tinha competidores. Em 2007, metade do tráfego da Internet estava distribuído entre centenas de milhares de sites espalhados pelo mundo. Sete anos depois, em 2014, esse mesmo número já estava concentrado em 35 empresas. No entanto, o pódio ainda estava dividido, como no grande arranque da mudança tecnológica nos anos 1970. A Microsoft dividia seu poder com a IBM, Cisco ou Hewlett-Packard. O Google coexistiu com o Yahoo!, com o mecanismo de busca Altavista e com a AOL. Antes do Facebook, o MySpace tinha seu reinado e antes que a Amazon detivesse uma das ações mais valiosas do mercado de ações, o eBay ganhava uma boa parte da receita do comércio eletrónico.
Mas algo está começando a mudar. Nos últimos anos algumas vozes de alguns centros académicos e grupos de ativistas em todos os continentes, estão começando a alertar e a tomar ações sobre o grande poder concentrado nas empresas tecnológicas e o seu impacto na desigualdade geram. O controlo dos dados Google, a pouca transparência do Facebook sobre o domínio das notícias, os conflitos laborais e urbanísticos de Uber e o impacto comercial e conflitos laborais do gigante Amazon, são alarmes sérios. O movimento, não obstante é lento e enfrenta grandes obstáculos.
límpidas mãos que na noite se erguem pedintes de óbolos que outras mãos espargem
na rota do sândalo buscam essas mãos a essência pura de África milenar
mãos esguias rudes mãos pretas de cor lívidas de pensamento doridas mãos que embalaram sóis e luas e estrelas e vidas sem porvir mãos que desenharam rostos e palavras e todas as cores das aves solitárias mãos que colheram café e gengibre e fruta-pão mãos doces como mel de abelhas em cresta de junho profundas e místicas como amêndoas do Shara mãos que acenderam lamparinas para varrer da noite a escuridão mãos que adormeceram como borboleta em cima de uma flor mãos de avó, de mãe, de irmã mãos de todas as mulheres que carregam nas costas a imortalidade do universo para vós este poema perfumado de cajamanga
A coordenação está a cargo de KK Shailaja, Ministra da Saúde de Kerala, membro do Partido Comunista da Índia.
Três dias depois de saber do novo vírus na China, Shailaja convocou a sua equipa de emergência.
Foi de imediato criado um escritório de controlo central e 14 a nível distrital. Quando o primeiro caso chegou, o estado já havia adotado os protocolos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para testes, rastreamentos, isolamento e apoio.
Ricardo Araújo Pereira debate humor e política na Festa do Avante!
AbrilAbril 23 de Agosto de 2020
Entre debates e apresentações, a Festa do Livro da 44.ª edição da Festa do Avante! reunirá vários escritores para a celebração do livro e da leitura.
Dando destaque às comemorações dos 150 anos do nascimento de Lénine e os 200 anos de Engels, na Festa do Livro estarão dezenas de editoras, milhares de livros de todos os géneros e uma diversificada programação no auditório.
O humorista Ricardo Araújo Pereira estará presente num debate com a dirigente do PCP, Margarida Botelho, moderado pelo jornalista Pedro Tadeu, em que discutirão a relação entre humor e política.
Decorrerão ainda outros três debates: «As consequências económicas, sociais e políticas da pandemia», em torno do último número da revista Vértice; um debate com o ex-preso político José Pedro Soares sobre o Forte de Peniche tendo como ponto de partida o livro Uma Fortaleza da Resistência, de Francisco Miguel Bernardes; e ainda um debate sobre «A natureza agressiva do imperialismo», em torno dos livros Kosovo – A Incoerência de Uma Independência Inédita, de Raul Cunha, e Prosas em Tempos de Peste, de José Goulão.
O escritor angolano João Melo estará presente para uma conversa com Zeferino Coelho em torno da sua obra de poesia e contos, com destaque para o livro, saído no início deste ano, O Dia em que Charles Bossangwa Chegou à América.
Entre homenagens, apresentações e lançamentos, haverá sessões em torno dos livros: O Que É Preciso É Transformar o Mundo, de António Avelãs Nunes, uma antologia de textos do autor publicados ou proferidos em diversos espaços; O Trabalho das Imagens – Estudos sobre Cinema e Marxismo, de Sérgio Dias Branco, que aborda o cinema numa perspectiva marxista; O Companheiro, de Sidónio Muralha e Irene Sá, no ano em que se assinala o centenário do nascimento do escritor; e ainda O Gesto Que Fazemos para Proteger a Cabeça, o mais recente romance de Ana Margarida de Carvalho, apresentado por João Luís Lisboa. Terá lugar uma homenagem a Mário Castrim, com José António Gomes a apresentar as obras Novelas, Nome de Flor e Mais Poemas do Avante!.
O funcionamento num espaço com sombra mas aberto, a existência de um único circuito a percorrer pelos visitantes, o auditório a funcionar num espaço autónomo e uma ampla área de caixas para a saída são algumas das medidas que visam assegurar as medidas sanitárias necessárias e promover o distanciamento físico.
Avante! "Nesta festa há muitos abraços e beijinhos. Mas neste ano não"
Contra tudo e contra todos, o PCP faz avançar a sua festa anual, agora já em fase final de construção na propriedade que os comunistas compraram no Seixal, a Quinta da Atalaia. O DN visitou o espaço. Um dos organizadores reconheceu que, dentro do partido, "tudo foi ponderado", até a hipótese de, neste ano, o evento não se realizar.
DN - João Pedro Henriques
22 Agosto 2020
Nos tempos pré-pandemia, um dos espaços tradicionais na Festa do Avante! era o da reconstituição do prelo onde o jornal do PCP era impresso nos tempos da clandestinidade - pequenas máquinas muito primitivas facilmente deslocáveis de um lado para o outro e facilmente ocultáveis. O espaço era reconstituído, com as máquinas ainda a funcionar - e para as pôr a funcionar, recriando-se o espírito da época, mobilizavam-se velhos camaradas ainda do tempo da clandestinidade.
Desta vez, para desgosto dos velhos militantes que alinhavam nessa recriação, tal não vai acontecer. Numa visita feita nesta sexta-feira de manhã pelo DN ao espaço, ainda em construção, daquilo que será a Festa do Avante! dos próximos dias 4, 5 e 6 de setembro - no sítio do costume, a Quinta da Atalaia, na Amora, Seixal -, um dos responsáveis pela Festa, Paulo Lóia, funcionário do partido de que é militante desde 1979, explica que a decisão não teve apenas a ver com o facto de a recriação envolver pessoas idosas. Mais importante do que isso foi o facto de aquele espaço suscitar muita curiosidade dos visitantes. "Não vamos ter mais pontos de concentração de pessoas do que os necessários."
Para que haja mais espaço, o recinto foi aumentado em dez mil metros quadrados, ocupando ao todo 30 hectares (o equivalente a 30 campos de futebol). É possível, sem grande esforço, uma lotação da ordem das cem mil pessoas. Mas o PCP decidiu que, desta vez, não poderão estar mais de 30 mil pessoas ao mesmo tempo no recinto. E esta é apenas uma das medidas de segurança determinadas, num processo que tem envolvido conversações entre o partido e funcionários da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Em frente ao maior dos palcos, o 25 de Abril, já foram pintados na relva círculos brancos, correspondendo ao espaço que cada pessoa vai ocupar para assistir aos espetáculos. Toda a gente estará a 1,5 metros do vizinho - à semelhança do que se viu no 1.º de Maio, na manifestação que a CGTP fez na Fonte Luminosa, em Lisboa.
DGS quer tudo sentado?
Dito de outra forma: para assistir aos concertos, desta vez não poderá haver contacto entre as pessoas que estarão na plateia. É neste momento da visita organizada para o DN que Paulo Lóia admite: "Nesta festa há muitos abraços e beijinhos, mas neste ano não." A dimensão da plateia foi aumentada em seis mil metros quadrados. Mas, por exemplo, tornou-se impossível levar neste ano à Festa uma orquestra sinfónica. É impossível, nesse caso, manter a qualidade musical e, ao mesmo tempo, aumentar a distância entre os músicos.
As mudanças feitas na Festa para a adaptar aos tempos de pandemia foram várias - começando pela tal redução máxima da lotação de cem mil pessoas para cerca de 30 mil. Os espaços para teatro e cinema passaram a ser ao ar livre. O Auditório 1.º de Maio também passou a ser ao ar livre (antes era fechado). Palcos de grandes dimensões para concertos passaram a ser apenas três, sendo o maior, como sempre, o Palco 25 de Abril.
Paulo Lóia, militante comunista e um dos organizadores de uma edição da Festa do Avante! que será muito diferente das anteriores
A visita do DN realizou-se durante a manhã e ao fim da tarde. Já quando se fechava esta edição, surgiu a notícia, via SIC, de que a DGS exigia aos comunistas que os concertos se fizessem com plateias sentadas (e não em pé, como o PCP pretendia, assegurando a tal distância de segurança entre pessoas de 1,5 metros). Interpelado pelo DN, o gabinete de imprensa do PCP assegurou, numa nota escrita, que o partido "não tem conhecimento de qualquer comunicação da DGS nesse sentido". Concluindo: "Como se sabe, as matérias tratadas com a DGS têm decorrido no estrito plano da relação entre o PCP e essa entidade."
A última Festa de Jerónimo?
Quase tudo passou, portanto, a ser ao ar livre - o que leva os organizadores a fazer figas para que não chova. Paulo Lóia diz que, nesta matéria, os comunistas têm "tido sorte". Mas recorda que, uma vez, por estar a chover, o comício de encerramento - que marca a mensagem política do PCP para a rentrée do novo ano político - teve de ser mudado para o Auditório 1.º de Maio, nessa altura fechado.
Desta vez está aberto - e se chover não haverá outro remédio para os militantes senão aguentarem à chuva. Como de costume, estão espalhadas pelo recinto todo colunas de som que debitarão o discurso do secretário-geral do partido, Jerónimo de Sousa.
Há muito que se especula que esta poderá ser a última Festa do Avante! em que Jerónimo de Sousa discursará como secretário-geral do PCP. O partido tem marcado congresso eletivo para novembro - mas a questão da liderança mantém-se tabu. Há palpites para todos os gostos. Já se sabe, entretanto, que, como é habitual, o PCP terá um candidato presidencial próprio. Não se sabe quem será.
Nada é verdadeiramente novo na brutal e mentirosa campanha contra a Festa do Avante!. A não ser o ponto de partida, a instrumentalização da Covid para vector da renovação dos ataques à Festa.
O espaço da Festa do Avante! em tempo de pandemia.
Em 1976, uma potente bomba tentou liquidar a Festa que então nascia ali na FIL, na Junqueira. A extrema-direita não nasceu com o Chega. Aliás, dá-se até o caso de uma interessante coincidência e continuidade com a personagem que é hoje a segunda figura e putativo deputado dessa organização pertencer então ao MDLP, autor desse operação terrorista. Mas a Festa ultrapassou o acontecimento.
Da FIL a Festa foi admitida no Vale de Jamor. A aspereza e dimensão do espaço/terreno era a expectativa de alguns para enterrar a Festa nesse ano de 1977. O êxito enorme, com a participação de milhares de portugueses de todos os recantos do país, repetiu-se no ano seguinte. Mas não, não podia ser. Não suportavam tal acontecimento político do PCP e comunistas às portas de Lisboa. E vai de atirá-los para mais longe, para espaço/terreno por desbravar que pudesse fazer o que o Vale do Jamor não conseguiu.
E lá mudou a Festa para o Alto da Ajuda no Casalinho, em plena Mata de Monsanto. Muita pedra, muito mato a revolver e limpar. Novamente muitos problemas técnicos – sistemas de águas, electrificação, resíduos, etc. – e vultuosos custos e dificuldades pela exiguidade do tempo disponível. Mas envolvia-a a paisagem magnífica, com vista lá do alto, de Lisboa, do Tejo, da Margem Sul, da Ponte. E que festas aí se desenrolaram, mas não, não podia ser! E então um inefável homem do CDS, Krus Abecassis, presidente da CM de Lisboa, descobriu com a direita com que governava a autarquia (PSD+PPM) outra utilização para aquele espaço.
Escarmentado pelas experiências anteriores, desta vez não propôs espaço/terreno alternativo. Que se arranjassem… – a modos de quem esvazia a água aos peixes para afogar os comunistas. E em 1987 não houve Festa. Parecia que a direita tinha dado o bote fatal naquela incómoda festa comunista. Conheciam-nos mal.
Foi curto o intervalo. Em 1988 desbravou-se novo espaço/terreno no Vale de Loures, onde se repetiu a Festa de 1989. A dimensão dos eventos mostrou e demonstrou que a interrupção tinha sido noite de pouca dura e nenhum efeito no ânimo e confiança militante. Mas havia que pôr fim aos sobressaltos anuais com o espaço. Sem o pretenderem, os inimigos da Festa empurraram o PCP para uma solução que nunca, nem nos seus piores prognósticos, julgaram que viria a acontecer: um espaço próprio e com qualidade superlativa.
Na última Festa em Loures, 1989, Álvaro Cunhal anuncia na cerimónia de Abertura, a compra da Quinta da Atalaia, no Seixal, e uma Campanha Nacional de Fundos como o país nunca viu, que veio a ter a participação de muitos milhares de portugueses, comunistas, amigos do PCP, gente sem partido e de outros partidos que não quiseram deixar de “comprar” uns metros quadrados da terra da Atalaia para que a Festa tivesse o espaço que merecia, com a segurança de ser terra comunista aberta a todos os homens e mulheres que a quisessem desfrutar.
Espaço, que na paisagem magnífica da sua envolvente, a Bacia do Seixal, ficou enriquecido com a compra dos terrenos da Quinta do Cabo, anexos à Atalaia, após outra notável campanha de fundos. Pensar que tudo ficaria resolvido com este espaço próprio seria não contar com o ódio de estimação e o anticomunismo congénito. Mudaram de táctica e de instrumentos mas não desistiram dos objectivos.
Campanhas contra as autarquias CDU e de outras maiorias partidárias que, numa visão de cidadania, democracia e valores de Abril, se solidarizaram com a Festa (como aliás acontece desde a primeira na FIL), colaborando com equipamentos, serviços, e outros apoios. Aliás, como muitas outras entidades públicas e privadas sempre transparentemente nomeadas para o agradecimento do grande Comício da Festa.
Uma Lei para as contas dos partidos segundo projecto do PSD, onde constam normas especificamente dedicadas à Festa do Avante!. Entre outras manigâncias, estabeleceu um tecto para as receitas das festas partidárias, o que, como bem se entende, só podia atingir a Festa o Avante!, procurando impor por limitação administrativa o número de participantes. Dado não terem nunca esclarecido o que faria o PCP à receita excedentária, então teria de a controlar por redução de entradas. (Não foi só agora, a propósito da Covid, que avançaram projectos contra a Festa na Assembleia da República!).
Mas há outro espaço que persegue a Festa do Avante! em todo os tempos: o espaço mediático. O espaço que nunca existe para a notícia e a informação do notável evento dos comunistas, dos seus espectáculos, dos seus debates culturais e políticos, da sua Bienal de Arte, das suas mensagens políticas, das imagens das assistências maciças aos comícios, da sua feira do livro e encontros de apresentação de livros com os autores. Há jornais que no dia seguinte aos grandes comícios de domingo não conseguem apresentar uma fotografia ou notícia do mesmo.
Mas há espaço que se multiplica nas televisões, rádios e jornais para críticas verrinosas, falsidades e calúnias, focagens distorcidas, parciais, concentradas na imagem e palavra que demonstre o que se quer demonstrar. Amarradas ao faits divers e à anedota. Durante anos, a Festa do Avante! era uma festa de velhinhos… e a “caça mediática” aos idosos presentes justificava a tese. Mesmo que milhares de jovens povoassem todos os espaços…
Houve a notícia de um jornal de referência de uma jornalista de referência (“Público”) que descobriu numa das Festas da Atalaia que os comunistas reduziram o espaço da plateia do palco 25 de Abril, movimentando o enorme palco de betão, fazendo-o avançar, para empolar a imagem do número de participantes no comício… Pode ser que este ano veja o movimento contrário para garantir o «distanciamento social»…
Espaço que nunca falta para a vontade, nunca ocultada, de desfigurar a Cidade Internacional. Em vez de lugar das lutas dos povos pelo bem-estar e progresso dos seus países, de internacionalismo solidário e de paz, um lugar fabricado à imagem e semelhança das suas notícias, imagens e comentários das ofensivas do imperialismo e forças reaccionárias, espezinhando a soberania das nações, violando acordos e pactos internacionais, explorando e saqueando os seus recursos e riquezas, câmaras de eco das centrais de (des)informação e propaganda do capital.
Espaço que agora não falta para semear o pânico e a mentira a propósito da realização da Festa em Setembro. E que já leva uns meses de cantochão.
Na abordagem da Festa do Avante!, os media dominantes não são cegos, são vesgos, não são surdos, são moucos, só ouvem o querem, não são mudos mas têm a língua bífida das serpentes.
As gentes de boa fé, os comunistas e os não comunistas, com dúvidas, oposições e críticas à realização da Festa do Avante! em Setembro, não se esqueçam nem se enganem. Nada é verdadeiramente novo na brutal e mentirosa campanha contra a Festa do Avante!. A não ser o ponto de partida, falso com que justificam as suas invectivas. Nada representa verdadeiras preocupações pela saúde pública, antes a instrumentalização da Covid para vector da renovação dos ataques à Festa.
Não tem hora nem descanso, se dizia da picada do licranço. Bem se pode dizer dessa sanha anticomunista contra a Festa do Avante!. A imagem de uma Festa construída pela militância comunista e de muita outra gente solidária, imagem de um país que se quer de trabalho e sem exploração, de igualdade e justiça social, de fraternidade e solidariedade, de alegria e combate democrático, de patriotismo e internacionalismo, cega a direita. Apagá-la é um desígnio político e de classe jamais esquecido.
Os comunistas têm pela saúde do seu povo e pelo SNS travado duras e históricas lutas. Não são irresponsáveis, aventureiros, ou provocadores com cérebros enfunados por ventos ideológicos. Nada em cuidados e medidas de protecção necessárias deixarão de ser tomados ou faltarão. Com a colaboração da DGS. Como já é patente. E bem ao contrário de muitas outras coisas que vão acontecendo no país.
“Quizá no sea mucho lo que pueda hacerse con unas líneas de protesta y denuncia pero mucho se hace no permitiendo que gane el silencio.”
Por Fernando Buen Abad Domínguez
Hábitos, costumes e tradições (tão aparentemente intocáveis em tempos de “normalidade”) foram “descarrilados” pela força descomunal da crise sanitária, até hoje a maior da história, provocada pelo capitalismo. Casamentos, aniversários, batizados, exéquias… ritos, procissões ou heranças, qual a maior, foram suspensas, modificadas ou adiadas sob os desígnios do Covid-19 e toda a parafernália desencadeada pela irracionalidade do capitalismo e seus “mass media”.
Aqueles que, abraçados aos seus dogmas, juraram nunca faltar aos ritos de sua eleição, ficaram sem missa e sem homilia. Todas as rotinas foram alteradas. “Mudou”, provisoriamente, a catarata dos estereótipos matinais executados (às vezes com orgulho) por pais e filhos ao iniciar o dia apressados em direção ao trabalho ou à escola. “Mudou”, em aparência, o ritual da higiene e vestuário, o penteado, o perfume e a saudação, “Mudou”, momentaneamente, o “ritmo” da rua, o transporte e a sobrevivência entre enxames de carros, comboios e motocicletas. “Mudou” a poluição atmosférica e sonora. Assim será por algum tempo. Tudo mudou para que nada mude?
Onde houve quarentena, obrigatória ou voluntária, houve “mudanças” para gostos e desgostos. Toda a estrutura cultural burguesa sofreu um enorme choque. A monstruosa rotina, fabricada para padronizar a exploração da mão-de-obra, com sua matilha de enganos e lavagens de cérebro cotidianos, foi sensivelmente fissurada. Ficou à vista o grotesco descarnado do capitalismo e os poucos proprietários usurários. (Como no “Feiticeiro de Oz”). Isso explica a “infodemia” desatada para remendar as fissuras do sistema e impedir a visibilidade do sujeito social transformador, para que não se veja o desastre contra si mesmo e do qual ele é cúmplice involuntário. Que não se note o desperdício que continua parecendo progresso, daí a pressa em “voltar à normalidade”.
Tudo enunciado como invencível tremeu abalado pelo “vírus” (de origem acidental ou experimental; algum dia se saberá?). Tudo o que nos venderam como inamovível se desmoronou pela quantidade de infetados e falecidos - o sólido dissolve-se. As “grandes verdades” do establishment tornaram-se baboseiras de tecnocratas que, onde juravam que havia “carência de recursos”, apareceram magicamente como carradas de assistencialismo - o Estado assume o estatuto subsidiário de emergência, antes que se lhe escape das mãos o “controlo” social e se esfume o “estado de direito” burguês. Só o medo ao contágio conteve as massas. Tudo o mais foi exposto. E um vendaval “renovado” de falácias foi desencadeado.
Se, como se costuma dizer, “a verdade nos libertará”... compreende-se por que é ela perseguida, desfigurada e prostituída tão febrilmente nas masmorras ideológicas das oligarquias. As táticas e estratégias das falácias mediáticas foram aperfeiçoadas e são produzidas em série nos mais disfarçados laboratórios de guerra psicológica. Alguns chamam-se “noticiários”. E mentem-nos de amanhã à tarde e à noite, sob o abrigo, inclusive, de empresas e governos de países “democráticos”. Há que pôr ponto final nisto.
Falta à verdade o jornalismo que se deleita nas consequências e não explica as causas.
Falta à verdade o jornalismo que sobrepõe a sua opinião à evolução dos factos.
Falta à verdade o jornalismo que alinha com as agendas dos poderosos contra os fracos.
Falta à verdade o jornalismo que sustenta calúnias para granjear dinheiro e/ou simpatias.
Falta à verdade o jornalismo empenhado em lisonjear os interesses de cúpula e ignorar os testemunhos dos povos.
Falta à verdade o jornalismo que se rende à “devida obediência” ante injustiças editoriais.
Falta à verdade o jornalismo que coloca o capital acima dos seres humanos.
Falta à verdade o jornalismo que não é solidário com as lutas emancipadoras dos povos.
Falta à verdade o jornalismo que não denuncia os interesses de saqueio aos recursos naturais dos povos.
Falta à verdade o jornalismo que é indiferente à exploração dos trabalhadores em todo o mundo.
Estamos infestados com enxurradas de afirmações imprecisas, de credibilidade paupérrima, próximas da calúnia, referentes à situação atual do mundo e à pandemia. A verdade está submetida a um bloqueio económico demencial, a sanções ideológicas imperiais e uma algazarra demagógicas em defesa da “liberdade de expressão” burguesa. Nos noticiários de todo o tipo, fabricam-se infâmias descomunais que fazem inveja às piores calúnias de Miami. Nenhum rigor informativo, sondagens adquiridas em fontes de direita e um “tonzinho” de superioridade que parece ter esquecido a situação de emergência a que está sendo submetida a humanidade por culpa do capitalismo. Alguém duvida?
Esse “jornalismo de guerra” também “pandémico” deve ser repudiado. O clã dos monopólios mundiais já se está preparando e tem no forno centenas de novas “Fake News”, e bem cedo as teremos ao pequeno-almoço. É muito provável que aos diretores notícias lhes agrade a usurpação e ingerência, seja do que for, desde que ajudem voluntariamente a aprofundar a agressão imperial contra a espécie humana sem o mínimo de respeito pela soberania dos povos e na intervenção na vida política de cada país, embora o disfarcem como “notícias internacionais”.
Na fase atual da pandemia (se alguém sabe qual é que avise), a “informação” copia os formatos de uma imprensa que em nada faz jus às melhores tradições jornalísticas. Pelo contrário avilta-as. Não sejamos cúmplices. Talvez não seja muito o que se pode fazer com algumas linhas de protesto e denúncia, mas muito se faz não permitindo que vença o silêncio, nem a impunidade. Não devemos aceitar o despudor oligarca quando exibe falácias perigosas como se fossem verdades preciosas. Somos os indicados para os denunciar, não esquecendo de comentar e compartilhar, desterrando os vícios históricos e as deficiências nos nossos modos e meios de produção informativa. Que o silêncio não nos conquiste.
Dr. Fernando Buen Abad Domínguez
Director del Instituto de Cultura y Comunicación
y Centro Sean MacBride
Universidad Nacional de Lanús
Miembro de la Red en Defensa de la Humanidad
Miembro de la Internacional Progresista
Miembro de REDS (Red de Estudios para el Desarrollo Social)