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Palavras são armas

“a luta de classes é a mãe de todas as lutas”

Palavras são armas

“a luta de classes é a mãe de todas as lutas”

ALERTA À JUVENTUDE - Miguel Hernández

ALERTA À JUVENTUDE

 

Sangue que não transborda,

juventude que não se atreve,

não é sangue, nem juventude,

não brilha nem floresce.

Corpos que nascem vencidos,

Vencidos, cinzentos morrem:

vêm com a idade de um século,

já são velhos ao chegar.

 (...)

Miguel Hernández

 

LLAMO A LA JUVENTUD

Sangre que no se desborda,

juventud que no se atreve,

ni es sangre, ni es juventud,

ni relucen, ni florecen.

Cuerpos que nacen vencidos,

vencidos y grises mueren:

vienen con la edad de un siglo,

y son viejos cuando vienen.

 

Tragédia - Manuel da Fonseca

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Tragédia -

Foi para a escola e aprendeu a ler
e as quatro operações, de cor e salteado.
Era um menino triste:
nunca brincou no largo.
Depois, foi para a loja e pôs a uso
aquilo que aprendeu
— vagaroso e sério,
sem um engano,
sem um sorriso.
Depois, o pai morreu
como estava previsto.
E o Senhor António
(tão novinho e já era «o Senhor António»!...)
ficou dono da loja e chefe da família...
Envelheceu, casou, teve meninos,
tudo como quem soma ou faz multiplicação!...
E quando o mais velhinho
já sabia contar, ler, escrever,
o Senhor António deu balanço à vida:
tinha setenta anos, um nome respeitado...
— que mais podia querer?
Por isso,
num meio-dia de Verão,
sentiu-se mal.
Decentemente abriu os braços
e disse: — Vou morrer.
E morreu!, morreu de congestão...

Manuel da Fonseca

 in "Planície"

O BEIJO

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Ana Rita Cavaco ressalva que continua a ser militante do PSD, onde se tornou amiga de André Ventura.

Lusa

20 de Setembro de 2020

A farsa ou o “Julgamento” de Julian Assange,

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"As luvas foram removidas na quinta-feira quando o governo dos EUA argumentou explicitamente que todos os jornalistas são passíveis de processo sob a Lei de Espionagem (1917) por publicar informação classificada ". (itálicos meus).

"Todos os jornalistas" significa todo jornalista legítimo, de qualquer nacionalidade, a operar em qualquer jurisdição.

Murray acrescentou: "o governo dos EUA está agora a dizer, de modo totalmente explícito, em tribunal, que repórteres poderiam e deveriam ir para a cadeia e que é como actuaremos no futuro". O Washington Post, o New York Times e todos os "grandes media liberais" dos EUA não estão no tribunal para ouvir e não informam isto
(itálicos meus), devido à sua cumplicidade activa na "alteridade" de Julian Assange como algo sub-humano cujo destino pode ser ignorado. Serão eles realmente tão estúpidos para não entender que são os próximos? Erro, sim".

LER AQUI

PRÓXIMA ESTREIA: UMA TÉNUE LINHA PANDÉMICA

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PRÓXIMA ESTREIA: UMA TÉNUE LINHA PANDÉMICA

Crítica “cinematográfica” sobre um filme que ainda não foi rodado

Por Fernando Buen Abad

 

Tudo é previsível. Em breve (mais cedo do que se possa imaginar) aparecerá nos écrans das salas de cinema (cada vez mais convertidas em telessalas caseiras) ou nas suas variantes de exibição “por encomenda” (on demand), o show da pandemia nas mãos da ideologia dominante. Não é difícil anteciparmo-nos às produtoras cinematográficas.

Protagonizado por algum dos “galãs” mais em voga e alguma das mulheres mais objetualizadas pelo mercado da imagem audiovisual, (por essa ordem) veremos o drama dilacerante de uma “história de amor” atravessada por noções científicas em moda e a “fatalidade” de uma guerra interimperial entre chineses, russos e ianques, pelo controlo de uma vacina milagrosa e planetária, onde “o bem e o mal” disputam o mercado farmacêutico transnacional. Terá fortes condimentos de horror.

Terá cenas de alcova e nudez quanto baste, tenção dramática, violência com sangue e insultos, diálogos perversos, olhares cândidos, vestuários de luxo e contrastes de classe. Haverá perseguições em automóveis nas avenidas mais estranhas das capitais mundiais mais saturadas. Efeitos especiais a granel, impactos sonoros, música composta para manipular emoções e um enorme desperdício de recursos de procedência ignota: limusinas, aviões, iates, motocicletas e mansões infestadas de luxúria burguesa. Poderia ser uma coprodução a três.

É de esperar que a pandemia seja usada, como tudo o que o capitalismo é capaz de manobrar, no seu impudico, impune e sempiterno capricho. É de esperar que o COVID-19 acabe por ser inoculado ideologicamente e que, para culpar e desculpar aberrações de toda a espécie, apareça nos écrans como um género novo do mal que ameaça “a feliz vida burguesa” que já espreita nalguns projetos da “nova normalidade”.

E, desde já, os sucateiros da indústria cinematográfica já devem estar apresentando propostas para se aproveitarem do número de contágios, mortes e devastações sofridas por causa do vírus e por causa do sistema económico que o tornou letal. Alguns pensarão em longas- metragens de ação e outros já terão séries projetadas de 5 ou mais episódios. Talvez alguns “reality shows”, peças de teatro, novelas, contos e “comédia stand-up”. Ninguém vai querer ficar fora de um negócio que ajuda a sublimar com tramas pirosos, o drama cruel de um sistema económico putrefato que exibe as suas entranhas desumanas.

Não têm tido pudor em usar os mortos de Hiroxima e Nagasaki, os campos de extermínio financiados pelos nazis, os golpes de estado e o assassinato de líderes de movimentos sociais… não há limites para a voracidade dos sucateiros do espetáculo e seus patrocinadores. E não há sanção que se possa imaginar contra o abuso desmedido a que se submete o sofrimento humano em proveito dos negócios de uns quantos empresários do espetáculo.

A obscenidade não está só no oportunismo (previsível), não está só no facto de se comercializar com as tragédias humanas, tampouco está só na desfaçatez de acusar, os “outros” dos seus próprios defeitos, nem em procurar compulsivamente a quem deitar a culpa das suas vernáculas canalhices. A barbárie expressa-se, em toda a sua amplitude, no empenho desmesurado para encharcar as cabeças dos povos com sucata ideológica para anestesiar consciências com superdoses de entretenimento burguês e fazer disso um negócio.

A obscenidade está em esbanjar dinheiro para fabricar histórias cujo “glamour” de mercado tem como objetivo aniquilar a crítica e suplanta-la com solidariedade de classe. Empatia com o verdugo para aumentar os lucros. É muito mau. Mas não obstante o obsceno, não se trata apenas de uma questão moral. Trata-se de uma guerra semiótica, trata-se do despojo e da usurpação simbólica orquestrada pelos latifundiários dos “mass media” contra uma população mundial ensimesmada nos seus medos e nas fragilidades que se têm multiplicado na decorrência da pandemia declarada sem consulta.

Toda essa parafernália mediática, conduzida pelos monopólios da informação e as máfias farmacêuticas, militares e bancárias… terá, cedo ou tarde, expressão num ou vários filmes ou “séries” carregadas do receituário nauseabundo do êxito mediático-burguês. Repetirão a sua melancolia melosa, os rebuscados gestos de dor, alegria e êxtase; as frases marteladas de corte psicótico e supremacista, com ambição a “slogan”. Farão o impossível compactar uma pandemia de imensa magnitude numa cápsula ideológica “pay per view.”

Tudo isso já o sabemos, tudo isso é previsível e adivinhável. Talvez nos surpreendam com alguma descoberta tecnológica ou algum efeito “3D”. Para o resto, será mais do mesmo. Já o sabemos antes que o filmem. O grande desafio radica em estarmos preparados para enfrentarmos a batalha semiótica. Estarmos atentos e, em guarda intelectual e criativa, com pensamento crítico aguçado e as precauções indispensáveis para não ficar contaminado por uma ideologia tóxica e paralisante, como é a ideologia da classe dominante. Outra pandemia para a qual ainda não contamos com vacinas suficientes e ao alcance das lutas sociais. Preparemo-nos.

 

Como ilustrar uma cantiga

“EU TENHO DOIS AMORES”dois amores.JPG

Carlos Moedas               Aléxis Tsípras

 Secretário de Estado do governo PSD           ex 1º Ministro Grécia

Para os que virão - Thiago de Mello

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Para os que virão

 

Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.

Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.

Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular – foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
– muito mais sofridamente –
na primeira e profunda pessoa
do plural.

Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.

É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros.)
Se trata de abrir o rumo.

Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.

 

Thiago de Mello

 

A Segunda Vinda - William Butler Yeats

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A Segunda Vinda

Girando e girando a voltas crescentes
O falcão não escuta o falcoeiro.
Tudo se parte, o centro não sustenta.
Mera anarquia avança sobre o mundo,
Marés sujas de sangue em toda parte
Os ritos da inocência sufocados.
Os melhores sem suas convicções,
Os piores com as mais fortes paixões.

É certo, está perto a revelação;
É certo, está perto a Segunda Vinda.
Segunda Vinda! Mal digo as palavras
E a imagem vasta do Spiritus Mundi
Turva-me a vista: no pó de um deserto
Um corpo de leão de crânio humano,
O olhar vazio e duro como o sol,
Move as pernas pesadas, e ao redor
Rondam sombras de pássaros coléricos.
Volta a escuridão; mas eu sei agora
Que o sono pétreo desses vinte séculos
Deu em sonho mau no embalo de um berço.
Qual besta rude, vinda enfim sua hora,
Arrasta-se a Belém para nascer?

 

William Butler Yeats

(1865 – 1939), “The Second Coming”,

 (tradução de Paulo Vizioli)

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