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Palavras são armas

“a luta de classes é a mãe de todas as lutas”

Palavras são armas

“a luta de classes é a mãe de todas as lutas”

Europa, estás feita ao bife

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Á guisa de conversa de café, comparo a Europa presunçosa e falida, á nossa fidalguia transmontana que além de filha-de-algo, nada mais possuía, vivendo do passado, e dos empréstimos que a burguesia lhe concedia.

A Europa, diga-se, União Europeia e satélites, está feita ao bife, já não tem mais onde gamar, Ásia, África América, Oceânia foi chão que deu uvas, hoje para lá entrar necessita de passaporte. Os recursos naturais desta Europa caquética, não chegam nem para manter as aparências, conservam o chauvinismo de quem se julga umbigo universal e, neste jardim ainda se sonha com a valentia dos cabrais.

Foram quinhentos anos de rapina, trezentos de inquisição e guerras fratricidas para dividir o bolo a esboroar-se.

Europa, minha querida Europa, tens idade para ter juízo, não te metas em mais sarilhos, o Tio Sam é um comerciante astuto que muito aprendeu contigo.

Europa, vais ter dias difíceis, o operariado que adormeceste vai despertar e só nele está a tua salvação. Sempre!

 

Lucrar com a dor

Gustavo Carneiro.JPG

 Lucrar com a dor

A or­ga­ni­zação in­ter­na­ci­onal Oxfam pu­blicou há dias um re­la­tório in­ti­tu­lado Lu­crando com a Dor, que ana­lisa o au­mento das de­si­gual­dades du­rante o pe­ríodo mais agudo da pan­demia de COVID-19.

Diz-nos o re­la­tório que, desde 2020, a cada 30 horas surgiu no mundo um novo mul­ti­mi­li­o­nário, num total de 573 os que, nesse pe­ríodo, al­can­çaram esse es­ta­tuto: são agora 2668, dos quais apenas 10 pos­suem mais ri­queza do que os 40 por cento mais po­bres do mundo – ou seja, 3,1 mil mi­lhões de seres hu­manos. Não foi só o nú­mero de mul­ti­mi­li­o­ná­rios a au­mentar, mas também as suas for­tunas, que cres­ceram mais nos úl­timos 24 meses do que em todos os 23 anos an­te­ri­ores. En­tre­tanto, o es­tudo da Oxfam es­tima que, só em 2022, mais 263 mi­lhões de pes­soas passem à si­tu­ação de po­breza ex­trema, sen­si­vel­mente cerca de um mi­lhão a cada 33 horas.

Es­pe­ci­al­mente be­ne­fi­ci­ados têm sido os mo­no­pó­lios dos sec­tores ener­gé­tico, ali­mentar e far­ma­cêu­tico. As for­tunas dos mul­ti­mi­li­o­ná­rios li­gados à ali­men­tação e à energia au­men­taram 453 mil mi­lhões de dó­lares nos úl­timos dois anos, o que equi­vale a mil mi­lhões a cada dois dias. Cinco das mai­ores em­presas do sector ener­gé­tico (BP, Shell, Total Ener­gies, Exxon e Che­vron) lu­cram qual­quer coisa como 2600 dó­lares por se­gundo e dos novos mul­ti­mi­li­o­ná­rios 62 provêm do sector ali­mentar: só a fa­mília Car­gill, que com ou­tras três em­presas con­trola 70 por cento do mer­cado agrí­cola mun­dial e re­gistou em 2021 o maior lucro da sua his­tória, passou a ter 12 mul­ti­mi­li­o­ná­rios, mais quatro do que tinha em 2020. Ao mesmo tempo, são cada vez mais os que saltam re­fei­ções, não con­se­guem aquecer as casas e fa­lham o pa­ga­mento das suas contas. Na África Ori­ental, uma pessoa morre de fome a cada mi­nuto que passa.

O re­la­tório re­vela ainda como a pan­demia criou 40 novos mul­ti­mi­li­o­ná­rios no sector far­ma­cêu­tico e como a Mo­derna e a Pfizer lu­cram mil dó­lares por se­gundo apenas de­vido ao con­trolo mo­no­po­lista das va­cinas contra a COVID-19, pese em­bora o seu de­sen­vol­vi­mento ter sido su­por­tado por avul­tados fundos pú­blicos. O que é co­brado aos Es­tados pela aqui­sição destas va­cinas, cal­cula ainda a Oxfam, é 24 vezes su­pe­rior ao custo po­ten­cial da sua pro­dução. En­quanto isso, nos países de mais baixo ren­di­mento, as taxas de va­ci­nação são ainda re­du­zi­dís­simas e muitas as vidas que se per­deram e perdem.

De­nun­ci­ando a im­pu­ni­dade com que os super-ricos (como lhes chama) se apo­deram de em­presas e re­cursos, es­magam sa­lá­rios e di­reitos e be­ne­fi­ciam de re­gimes fis­cais feitos à sua me­dida, a Oxfam propõe uma maior – e efec­tiva – ta­xação das grandes for­tunas. Mas nada diz, e não seria ex­pec­tável que o fi­zesse, quanto à ne­ces­si­dade da su­pe­ração re­vo­lu­ci­o­nária do ca­pi­ta­lismo, cuja na­tu­reza ex­plo­ra­dora, de­su­mana e pre­da­dora tão bem des­creve no seu re­la­tório. Essa é a nossa ta­refa.

 

Noticiário para totós

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A televisão dá-nos imagens dos 70 anos de reinado de Isabel II, e há britânicos acampados nas imediações do Palácio de Buckingham para ver sua alteza. Aqui onde moro, há pessoas que para conseguirem uma consulta no Centro de Saúde, embrulham-se numa manta e passam a noite no exterior para serem atendidas por um médico, caso não falte. E a TV ignora o crime.

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O noticiário para totós diz-nos ainda que o ator “Johnny Depp vence processo ex-mulher”, mas que Amber Heard a ex- não sai totalmente derrotada neste caso. Um acontecimento que evidentemente muito nos interessa. Por aqui a ‘justiça’, lenta como uma lesma, com a sua lentidão premeia a gatunagem de colarinho branco. Processos prescrevem, bandidos agradecem.

Vivemos num Estado de direita, o de direito está por construir.

 

 

 


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