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Enquanto as hienas da comunicação dita social nos vão entretendo com as risadas próprias à sua necrófila condição, escondem-nos o saque. As galambices, estórias e crimes sibilinamente apadrinhados por costas e marcelos, são um tapa-olhos para apagar mais um esbulho imposto pelos neoliberais de Bruxelas e aceite caninamente por um Governo que se diz socialista. A TAP, a Nossa TAP, vai ser entregue por gente sem escrúpulos a proxenetas, negócio escuro entre canalhas. Vamos ficar ainda mais pobres.
Só lhes falta “privatizar a puta que os pariu” como disse, e muito bem, José Saramago.
Vivendo Abril em Paris
“ESTÃO A FALAR MUITO DE PORTUGAL”
A fotocópia do documento dactilografado «O “Movimento”
das F.A. e a Nação», de 11.3.74, antecedeu a “Circular
nº3” da “C.D.E. – a força do povo” de 25 de Março de 1974,
esta já impressa e com referências e apreciações ao “Movimento
de Oficiais acerca da sublevação do RI 5 das Caldas” e
que repetia a Circular n.º 2 com a “Circular das Forças Armadas”
de 18 de Março. Estes documentos haviam chegado a
Paris e impunha-se que fossem discutidos e analisados, tendo
em conta a quem se dirigiam e em que condições. Assim o
entendeu a célula onde me encontrava organizado e, para tal,
marcámos uma reunião para as 21 horas da noite de 24 para
25 de Abril, quando todos os participantes se encontrariam
libertos das suas jornadas laborais.
Atravessei Paris, de Malakoff a La Courneuve, onde reunimos
no escritório de um dos camaradas. A discussão prolongou-se
até à uma da manhã do dia 25. Detivemo-nos na agressividade
de alguns parágrafos, nas intenções veladas de outros
e, quanto a mim, detive-me neste axioma expresso no final
do documento: «Na verdade, o exército só será o “povo em
armas” quando entre Exército e Povo não existirem quaisquer
barreiras». Saímos apreensivos e esperançosos, tudo se me
apresentava possível. Em que direção e para quando?
Cheguei a casa – habitava então em Villejuif – pouco antes
das três da manhã, cansado e confuso. Distante como estava,
era difícil não ser subjetivo; faltavam-me as vivências e a distância
distorcia as escassas informações que chegavam; por
maior que fosse o esforço que fizesse, a emotividade exacerbava-se e havia que recorrer a um maior esforço para impedir
que a emoção ignorasse a realidade. Como tinha um horário
de trabalho flexível, poderia dormir até às tantas. Cerca das
nove da manhã, a minha filha que tinha ido para a escola
regressou a casa correndo, acordou-me e, ofegante, foi dizendo:
“Estão a falar muito de Portugal!”.
Tinha mudado de casa havia poucos dias, não tinha telefone
nem sequer um rádio a funcionar. Pedi-lhe que fosse comprar
pilhas para o pequenino transístor de bolso e, entretanto,
fui-me arranjando para sair. Sair para onde? Trabalhando nas
comunicações, seria no meu próprio local de trabalho que
me encontraria melhor colocado para não só contactar e ser
contactado pelos meus camaradas e amigos, como também,
e especialmente, pela situação privilegiada em que me encontrava,
tendo à minha disposição o Telex, na altura, o meio mais
eficiente nas telecomunicações. A decisão estava tomada -
iria “trabalhar”.
Não me excitei demasiado. Por temperamento, mantenho
sempre uma penosa calma nos momentos de grande
entusiasmo ou expectativa. Transístor colado ao ouvido, ia
recebendo de cinco em cinco minutos o ponto da situação.
Apanhei o autocarro até à Porte d’Italie, comprei tabaco e
continuei noutro autocarro até Porte d’Orléans, sempre atento
às informações sobre Portugal que continuavam a fazer
manchete. Ao chegar à Porte d’Orléans ouvi uma informação.
Não me recordo qual, mas perturbou-me; desci e, de súbito,
senti uma forte pressão no peito - a calma controlada dá nisto.
Encostei-me a um quiosque publicitário – as velhas “Colonnes
Morris” ex-libris de Paris – e pouco depois, uma voz
preocupada, seguida de uma mão que me pousou no ombro,
questionava-me num francês com sotaque castelhano: “Que
se passe-t-il camarade”?
Não era possível, num momento tão importante da minha
vida, encontrar alguém que melhor pudesse compreender o
que estava sentindo e perante quem tivesse que moderar a
minha alegria-sofrimento. Era Ângela Grimau, viúva do comunista
Julian Grimau, assassinado por Franco. Não sei ao certo
o que lhe respondi e tão-pouco o diálogo que mantivemos;
sei que fomos tomar café num local que fazia parte da minha
rotina e que, após algumas lágrimas de descompressão, saí
mais calmo e recomposto para Malakoff onde trabalhava.
Ainda não entrara no centro de comunicações e já o telefone
soava; sentíamo-nos todos como que suspensos das informações
que nos chegavam e desejávamos aferir sem saber
como nem onde. Liguei o telex para Lisboa, Porto e outros
locais onde em princípio poderia obter algumas informações
mas, para meu desespero, na maior parte dos casos estavam
menos informados que eu a dois mil quilómetros de distância.
Entretanto, o telefone não parava de tocar. Trocávamos
sugestões, marcávamos encontros. Na sequência da reunião
que havíamos tido, elaborámos um comunicado que enviei
para o “Movimento das Forças Armadas”, recebido em Lisboa
às 16h07, tendo sido no dia seguinte publicado num dos
vespertinos da capital:
M U I T I S S I M O U R G E N T E
Ao Movimento das Forças Armadas
L I S B O A / P O R T U G A L
INTERPRETANDO OS SENTIMENTOS DOS IMIGRANTES
PORTUGUESES EM FRANÇA SAUDAMOS AS FORÇAS QUE
DERRUBARAM O REGIME FASCISTA QUE HÁ QUASE 50 ANOS
OPRIMIA O POVO PORTUGUES STOP APOIANDO AS POSIÇÕES
DO VOSSO MOVIMENTO ANTERIORES AO DIA 25 DE ABRIL
LEMBRAMOS AS MEDIDAS INDISPENSÁVEIS E IMEDIATAS A
TOMAR:
1) AMNISTIA GERAL E TOTAL PARA TODOS OS PRESOS, PERSEGUIDOS,
EXILADOS, POLÍTICOS E MILITARES E A LIBERTAÇÃO
IMEDIATA DE TODOS OS PRESOS POLÍTICOS E MILITARES.
2) ABOLIÇÃO DA PIDE/DGS
3) CESSAR-FOGO IMEDIATO NAS COLONIAS PORTUGUESAS
SEGUIDO DE ABERTURA DE NEGOCIAÇÕES PARA A INDEPENDÊNCIA
DAS MESMAS E O REGRESSO DOS NOSSOS SOLDADOS.
4) ESTABELECIMENTO DAS LIBERDADES FUNDAMENTAIS
NOMEADAMENTE:
POLÍTICOS.
5) ABOLIÇÃO DA CENSURA
Emoção, como motor da intervenção expresso, neste
documento que guardo ainda hoje. Horário cumprido, saí
correndo ao encontro de amigos e camaradas. Nessa mesma
noite, resolvi regressar no primeiro comboio que saía para
Portugal.
A MPB nunca esteve tão presente numa visita presidencial no exterior como na de Lula à China
14 de abril de 2023
Ivan Lins: "eu não paro de chorar"
Ao som da cantiga popular “Se essa rua fosse minha”, de Mario Lago e Roberto Martins, o presidente do Brasil foi recebido quando desembarcou em Shanghai. E quando foi rececionado hoje em Pequim, no Grande Palácio do Povo, com crianças acenando bandeiras e longa passadeira vermelha, pelo presidente Xi Jinping, a música executada pela Banda do Exército da China foi “No novo tempo”, de Ivan Lins e Vitor Martins.
Vou transcrever aqui a reação de Ivan Lins, depois de ler as várias manifestações dos colegas Antonio Grassi, Zélia Duncan, Bete Mendes, Itala Nandi, Herson Capri, postada no grupo de zap Coletivo Sérgio Ricardo, de gente da cultura:
“E eu que não paro de chorar. Meu Presidente recebe as honras chinesas com minha canção, dedicada ao meu Povo amado, querido, sofrido, ao meu Brasilzinho do fundo do meu coração…pô, não consigo parar…mas sei que me está fazendo bem…obrigado, Companheiros.
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
No novo tempo
Apesar dos perigos
Da força mais bruta
Da noite que assusta
Estamos na luta
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra que nossa esperança
Seja mais que vingança
Seja sempre um caminho
Que se deixa de herança
No novo tempo
Apesar dos castigos
De toda fadiga
De toda injustiça
Estamos na briga
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
No novo tempo
Apesar dos perigos
De todos pecados
De todos enganos
Estamos marcados
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra que nossa esperança
Seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho
Que se deixa de herança
No novo tempo
Apesar dos castigos
Estamos em cena
Estamos na rua
Quebrando as algemas
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
Pra nos socorrer
No novo tempo
Apesar dos perigos
A gente se encontra
Cantando na praça
Fazendo pirraça
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Pra sobreviver
Composição: Vitor Martins / Ivan Lins.
2.500 sanções, o envio dos Panzer para “castigar” a Federação Russa, e as flores a murchar no jardim do Josep Borrell.
Milhões nas ruas de toda a França, o descontentamento alastra na Ianquilândia.
Macron sanciona Putin, os franceses sancionam Macron, as sanções fazem ricochete ao Macron con.
A Ianquilândia, também designada União Europeia, neoliberal e colonato dos Estados-Unidos, não conseguirá travar o descontentamento dos povos que oprime.
Contratem os melhores mercenários que infestam a comunicação dita social, projetem-nos um bem-estar virtual, façam os mais absurdos malabarismos, mas não conseguirão mudar a realidade que criaram e a consequente revolta.
Milhões nas ruas de toda a França, o descontentamento alastra na Ianquilândia.
Macron sanciona Putin, os franceses sancionam Macron, as sanções fazem ricochete ao con Macron.
A Ianquilândia, também designada União Europeia, neoliberal e colonato dos Estados-Unidos, não conseguirá travar o descontentamento do povo que oprime.
Contratem os melhores mercenários que infestam a comunicação dita social, projetem-nos um bem-estar virtual, façam os mais absurdos malabarismos, mas não conseguirão mudar a realidade que criaram e a consequente revolta.
Gargalhada matinal
“Putin será preso
Se entrar em a Portugal”
O ministro Cravinho, PS maozão eco da Ianquilândia.